O Mistério da Pedra da Gávea - Parte I
Localizada no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro, a 43o 30’ WG de Longitude e na Latitude de 22o 50’, a Pedra da Gávea forma os contrafortes da Serra Carioca, em privilegiada localização à beira mar, atingindo 842 m. acima do nível do mar. Estende-se como uma meia lua, de Sudoeste a Nordeste, até a linha imaginária que separa seu corpo principal da famosa “cabeça”, formando quase um ângulo de 90°.
Local de onde aproximadamente se encontram as inscrições feníceas
Mas, à parte de suas belezas naturais, alguns detalhes de suas íngremes escarpas começaram, já a partir das primeiras décadas do século XIX, a intrigar observadores mais atentos e atrair a atenção de estudiosos e cientistas. Quase em seu topo, na porção que corresponderia à “têmpora” direita da conhecida “cabeça” que muitos associaram à figura do Imperador Pedro II, alguns traços mais regulares, formando sulcos e figuras, com as dimensões médias de 15 metros por 4 cada um, aguçaram a curiosidade de todos.
Algumas teorias e várias expedições foram organizadas para desvendar o mistério. Um relatório, elaborado por um religioso e entregue a D. João VI, falava da existência dos traços como sendo caracteres idiomáticos, e que os mesmos “poderiam ser oriundos do descobrimento do Brasil, e, como tal, de relevada importância histórica”.
Em 23 de março de 1839, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em sua 8a. sessão extraordinária, deliberou que a Pedra da Gávea deveria ser minuciosamente analisada e ordenou a averiguação in loco dos tais caracteres. Uma expedição foi então organizada, da qual participaram os historiadores Manoel de Araújo Porto Alegre e J. Cunha Barbosa e, como não poderia deixar de ser, o capelão imperial J. Rodrigues Monteiro. Descrevendo a Pedra da Gávea como “uma das montanhas do litoral do Rio de Janeiro, ao sul da Barra, possuindo uma inscrição com caracteres fenícios, já há muito destruídos pelo tempo e que revelam grande antigüidade”, a verdade começava a sobressair por detrás dos véus... Esse relatório, repleto de comparações que incluem Pitágoras, Anaxágoras e outros filósofos, mostra que a comissão, nesta primeira análise, “viu as inscrições” e viu também “uns sulcos gravados pela natureza”. O jornal “O GLOBO”, 130 anos depois, questionou esta expedição, indagando “se a comissão havia escalado a Pedra ou se tinha se limitado a examiná-la através de binóculos”...
O resultado da expedição do Instituto Histórico e Geográfico terminou por transmitir a idéia errônea de que os caracteres eram obra da natureza. Antes de Cabral, ninguém! é o pensamento vigente...
Passou-se o tempo. Veio o século XX. Enquanto os sábios de nossa enfatuada ciência dormiam tranqüilos sobre suas teses incontestáveis, no âmbito da Sabedoria Oculta, e, portanto, não oficial, tudo era muito diferente... A História que a história não conta, seguindo seu curso impavidamente, começava a instigar as mentes daqueles que não se contentam apenas com as teorias oficialmente reconhecidas.
A maior contribuição para o desvendamento do mistério viria em 1928, quando o sábio amazonense Bernardo da Silva Ramos publicou o livro Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, especialmente do Brasil. Trata-se de uma obra monumental, em dois volumes e cerca de 1100 páginas, com a reprodução das inscrições encontradas de Norte a Sul de nosso país, pelo próprio Ramos e outros arqueólogos, repletas de caracteres fenícios, gregos, árabes e até chineses.
Quem poderia desautorizar um Bernardo Ramos, cognominado pelo Prof. Henrique José de Souza como o "Champolion brasileiro" ? Ramos confirmou que os caracteres eram fenícios, aqui reproduzidos com sua tradução para o hebraico, sua transliteração para letras do alfabeto português, e a interpretação de seu significado. Seu trabalho sobre a Pedra da Gávea conforma o Capítulo XIV do primeiro volume de sua grandiosa obra, o maior e mais minucioso levantamento arqueológico já feito por um cientista em nosso país.
Em 1931, excursionistas brasileiros organizaram uma expedição em busca do túmulo de um rei fenício que teria desaparecido em 850 A.C. Algumas escavações foram feitas amadoristicamente, sem nenhum resultado. Em 1933, um clube carioca de montanhismo organizou uma gigantesca excursão, obtendo o recorde de 85 pessoas no topo da Pedra da Gávea, onde o professor de história Alfredo dos Anjos proferiu uma interessante palestra sobre a “Cabeça do Imperador” e suas origens.
Em 1961, foi realizado um trabalho arqueológico considerado “sério” pelos moldes científicos. O Instituto de Arqueologia Brasileira levou 13 pesquisadores ao topo da montanha, liderados pelo então presidente daquela instituição, o Prof. Claro Calazans Rodrigues. Não é preciso dizer que as conclusões a que chegou a expedição descartavam qualquer hipótese de presença fenícia.
Localização das inscrições, na "têmpora" direita da "cabeça".
Segundo Bernardo Ramos, a tradução da frase fenícia é:
“TYRO PHENICIA, BADEZIR, PRIMOGÊNITO DE JETHBAAL”
Posteriormente, esta tradução foi corrigida pelo insigne Prof. Henrique José de Souza para:
“TYRO PHENICIA, JETHBAAL, PRIMOGÊNITO DE BADEZIR”.
Em realidade, JETH-BAAL ou YET-BAAL, nome que se refere a uma dupla de irmãos “gêmeos”, como veremos adiante, era ou eram filhos primogênitos de BADEZIR, e não o contrário.
Observação: Estaremos continuando este post na próxima atualização, para que não fique demasiadamente grande e cansativo...
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